segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sacerdotisa



Ela, em corpo de fêmea, com todas as emoções e desejos, com seu perfeito cabelo solto, sentindo o gosto da liberdade, porém presa as correntes do passado, aos grilhões de dores causadas e sofridas, com mania de preservação e obstinada em nunca deixar alguém se aproximar.
Algo pulsava e puxava, mostrando que existia mais a ser vivido, a ser experimentado e para isso, precisa se livrar de todos os medos, bloqueios e padrões auto impostos em memórias anteriores.
Partiu em uma jornada, por afinidade talvez e guiada pelo inconsciente, mal sabia que seria uma morte, dessas simbólicas mas não menos dolorida. 

Depois de muito tempo resistindo, tentando assimilar e não entendendo porque seu processo não acontecia, “ele” se fez avassaladoramente.
Em caos, onde não havia mais força para resistir, fisicamente e psicologicamente, vazia, com dores no corpo e na alma, não restava nada além da entrega , a mais bela sublime entrega que pude ver.
Naquele momento ela aceita qualquer coisa que a tire daquele desespero de perder o controle, de não poder mais segurar o que havia dentro dela.

Em um momento de lucidez foi guiada para se deitar manifestando sua entrega total, nua como a própria Deusa, mergulhada em flores e ervas aromas de cura e sobro de luz. 

Curandeiras se aproximavam com suas mãos em suaves massagens, gestos inspirados pelo infinito e pela sabedoria ancestral.

- Entrega filha, entrega o que já não faz mais parte de ti e nem de mim, deixe cair lágrimas de fogo, purificando toda a sua existência e grita para se libertar, grita pra voltar a viver!


Em um urro de fêmea loba e gemidos de dor e êxtase, eis que renasce, uma Sacerdotisa! 
                                                                                    
 Juliana Alves T. (Asha)


Nenhum comentário:

Postar um comentário