quarta-feira, 10 de julho de 2019

Jornada de Outono e Inverno

Ninguém disse que seria fácil... Tão pouco que seria impossível de realizar. 
Agora olhando de longe vejo que não foi tão difícil assim: Adentrar as profundidades da Terra e de mim.

A jornada iniciou no outono, a ansiedade, a vontade de fazer parte desse movimento "Mulheres que servem".

Quem levanta para servir recebe em dobro! - dizia ela.
Não sabia exatamente o que isso tudo queria dizer, só sei que era pra mim, me chamava como uma luz que piscava sem parar.

Chegando lá fui me deparando com tanta "verdade", tudo se encaixava, fazia sentido, porém nem perto das fotos lindas que via. Era profundo, era levar o rezo pra vida, sair da zona de conforto, parar de justificar as mudanças que sabia que teria de fazer e de fingir que não eram comigo.


Ali, nua e crua fui me deparando com camadas que precisavam se abrir e deixar fluir. 

Me alimentando de algo vivo, nunca nem havia pensando na quantidade de toxina que colocava pra dentro, para suprir meu emocional. Nos cabelos, nas unhas, na pele... o superficial que ronda o mundo social e as convenções que aceitamos e assumimos sem nem perguntar: por que?
Por que todo mundo faz!
O que vai restar depois disso? Como será a vida? 
Os parâmetros mudaram! Tomei consciência e responsabilidade. 

Mulher Medicina, quer dizer uma vida conectada a natureza como filosofia de vida.


Depois do outono veio o inverno, aquele silêncio, mais medo que ansiedade dessa vez.

O que será que vem?
Alguns dias, sem conexão com a vida virtual, silêncio,  se manter em grupo, esses eram os procedimentos. 
O ego começou a confrontar com o que era proposto e dentro de mim, buscava formas de alinhar, dizendo a mim mesma que queria esse processo e que aguardava por ele.

Despi meus segredos, fiquei aberta para poder me acolher dentro da Terra e senti-la sobre de mim.

Em um lindo desconcertante e incrível processo, "ser semeada viva" (no sentido mais literal das palavras) vivi horrores e amores,  chorei, gritei, ri, respirei, surtei e esperneei ... Tudo que estava guardado precisava sair, precisava morrer de uma vez por todas, já não cabia mais.

Nos olhares, nos gestos e nas palavras das outras mulheres fui me fortalecendo em minha memória e sei que nossas raízes se comunicavam em baixo da Terra.

Ao final celebramos a morte, dançamos, demos boas vindas porque apenas através dela se pode vir a vida, vida em plenitude.

E ainda tínhamos a "grande noite".


Na cerimônia do solstício, vi cenas que nunca irei esquecer, tanto amor e cuidado, tantos sorrisos e abraços, tantas lágrimas e força.

Uma noite fria e longa, presença de ancestrais, do fogo sagrado, da medicina me embalando para longe e dentro ao mesmo tempo.
Liberando minhas ancestrais de suas cargas e abrindo o caminho aos que viram.
A espera do Sol, nunca demorou tanto, mas veio de mansinho nos aquecendo e nos despertando.

Logo fomos para limpeza de útero, bençãos no ventre de amor de cada irmã honrando o dom de ser mulher. Mulher que cura e é curada, mulher que busca e encontra a si, encontra a irmandade a qual faz parte.


Uma palavra?! Tenho tantas... Amor, medo, paz, alegria, frio, integridade, firmeza, tristeza, processo, vida e morte, renascimento, mulher, natureza, medicina.. Infinitas!

Nelas me encontro, me recolho e espalho nos ciclos de Mãe Gaia.


Juliana Alves Teixeira - Asha
Jornada da Mulher Medicina Outono/Inverno 2019