quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Almas gêmeas?!


Um tanto démodé o termo, poético e surrealista na atual "vida contemporânea", porém tenho esbarrado por algumas delas ao longo dessa existência fatidicamente curta e ansiosamente longa.
Primeiro encontrei uma alma gêmea social, dessas de fazer tudo o que manda o figurino: casar, ter filhos, igreja, churrasco e futebol.
Depois me deparei com uma que me levou as alturas e também me tirou da antiga. Incrível como podemos nos encantar com seres que nem fazem mais parte da nossa realidade, apenas em lê-los.
Outra que sem sombra de dúvidas foi minha alma gêmea erótica, dessas que é química pura eletrizante, soltando faíscas ao encostar, juntamente com uma poética de gentilezas, músicas, comidas, vinhos e tudo que exale o mais esplêndido prazer.
Em outro período encontrei uma...  Ah essa vocês vão gostar, encontrei uma que acho perfeita, está no espelho de casa, na cama de casa, nos cheiros das roupas e por onde passa, outra dentro de mim, nos apresentamos e nos amamos, não mais nos soltamos, embora as vezes a divida com outras “almas gêmeas”.
Podia ter ficado com essa última, mas não, a impermanência me assolou e conheci outra bem peculiar, dessas que te viram do avesso, te levam para noite escura da alma, dessas que te faz conhecer os céus e os infernos em questão de segundos, tudo na mais perfeita melodia, com todos os acordes que se tem direito.
Tudo bem, veio junto uma doce e brisa gêmea para dar força, dessas que parecem que foram separadas no berço, mais irmã do que a sua própria, mais amiga que suas próprias mãos, essa “alma gêmea” é uma anjo nessa terra.
Depois segue com alma gêmea musical, aquela que ama tudo o que você ama ouvir, a alma dos passeios pelos seus lugares preferidos, a alma das mensagens de madrugada e até a gêmea dos momentos “deprê”.
Então, ela chegou, a tão amorosa e perfeita “alma gêmea”, onde as outras não terem perpetuado fez todo o sentido.
Onde o oposto complementa, onde um sabe o que a outra vai falar, onde fazer o outro feliz é tão importante quanto a própria felicidade, onde o coração está em casa, onde a eternidade se congela em doces momentos da mais pura presença.



Juliana Alves Teixeira



quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Gaya



Na escuridão da noite, sentada no chão em frente a uma pequena montanha, em seu topo um fonte branca, o feminino simbólico em meio a tantas sensações físicas e energéticas.

As lágrimas correm o (eu) pergunta: - Por que estou chorando?  Sinto uma tristeza sem fim ... 
E logo o (eu) saí de cena e as dimensões da realidade passam a ser a Terra, em sua totalidade.
A tristeza toma conta, sinto os seis secos e o ventre vazio, ás vezes sentia como uma anciã, com os cabelos compridos e corridos, a face envelhecida pela sabedoria da vida, sem conseguir manter essa percepção era tomada por palavras:
 - Já fiz tudo que podia! ... Não posso fazer mais nada,estou vazia, estou cansada, muito tempo cuidando, nutrindo, amando. 
 - Por que eles fazem isso? - Por que são tão ingratos? - Não posso fazer mais nada, fiz tudo que podia fazer.
Tão cansada, tão antiga, sempre ali provendo o alimento, saciando com seu leite, a água.

 A consciência agora foi para as margens de um rio e sentia a própria água, fluida e cristalina, mas que aos poucos iam sendo poluída. Como um veneno queimando minha pele via e sentia, químicas sendo jogadas, lixos das mais diversas cores, iam rasgando minhas veias e agora um choro de dor voltou a tomar conta e novamente as indagações:
 - Por que filhos amados? Sinto tanto, dói tanto ... - Porque machucam quem te alimenta, quem sacia sua sede?"

Perdi a noção do tempo nessa realidade, nesse presente de sentir Gaya pedido por ajuda, percebendo ela dento do meu ser.
Adormeci e quando acordei estava imersa num amor profundo, em sentimento de gratidão infinito.
As árvores estavam de um verde nunca percebido antes, a grama, o vento, as pessoas, me sentia com harmonia com tudo e todos, vontade de abraçar as pessoas, de espalhar tanto amor que descobri que havia dentro de mim.
Sensação de estar em "casa",um respeito maior por Gaya, brotava ... em cada passo que dava, a cada alimento que comia e a cada gota de água pura que tocava minha pele.
Hoje canto com amor e gratidão à "ela" ... "Mãe Terra, poderosa DEUSA ... estas em nossa carne, estar em nosso ser ... Mãe Terra, poderosa DEUSA!

Que todos os seus filhos possam acordar;
Que todos os seus filhos sintonizem com vosso coração;
Que todos os seus filhos se aninhem no seu ventre de Amor. 


Asha -  Juliana Alves 
Instituto Audeia - primeira experiência com a Sagrada Medicina Ayahuasca



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Bem vinda Primavera



Depois de uma jornada profunda na escuridão, em caminhos incertos, sozinha, abandonada, a mercê dos caprichos do mundo avernal. Em um mergulho na noite escura da alma, sentimentos pouco virtuosos e atitudes insanas, onde já não se reconhece a própria face, analogicamente sentindo se nas profundezas da terra.
A semente antes de brotar precisa ficar em baixo da terra, onde todo seu potencial precisa gestar, a escuridão é o útero da grande Mãe quando pensamos estar sozinha, ali ela nutre tudo que pode vir a ser.
Os últimos instantes são os mais dolorosos e tensos, a ansiedade de sair da terra, de quebrar a casca, a falta de conhecimento do que existe depois faz pensar que tudo acabou, porém antes de renascer é preciso morrer e deixar tudo para trás.
A água como uma benção cai do céu Pai, alimentando a semente e saciando a sede de brotar, nós choramos, choramos muito e deixamos ela purificar e lavar, assim aguardando no ventre de um potencial infinito de vir a ser o que já somos.
Quando a entrega vem, é como um presente de todo o universo, ela se rompe, pois já não cabíamos mais naquela casca. Subimos até os primeiros raios de sol tocar nossa pele pétala suave nova casa.
Uma explosão de flores e cores espirais nos faz ver e perceber a grandiosidade desse novo ciclo, tudo aqui tem sabores de frutas e cheiro de flores, tem amor em cada respiração, do voar das abelhas ao carinho dos animais. Aqui, sobre a Terra, o ar mais puro e fluido, o calor do sol a tocar a pele e a água jorra de uma linda fonte branca.

- Dança, dança filha da Terra e do Céu, dança sua alegria, dança para luz, dança a dança de fazer amor com o infinito pleno êxtase do retorno.
Bem vinda Perséfone, está em casa, nos braços da grande Mãe e obrigado por nos trazer a Primavera".

Juliana Alves T.(Asha) 




terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sexualidade sagrada


Sexualidade sagrada significa se liberar dos padrões e repressões patriarcais em cima do corpo, da yoni (vagina) e do prazer.

Uma relação de amor e aceitação, respeitando os limites, aproveitando tudo o que ele pode proporcionar.Estar no momento presente se acariciar, se tocar, se sentir viva e inteira.
Partilha seu corpo com alguém somente quando sente que essa pessoa tem o mesmo respeito e amor que você tem, então a entrega pode acontecer, quando o respeito e amor dele consegue tocar sua yoni como se fosse uma flor.
Juntos em meditação, presente e constante, experienciar tudo que duas energias opostas e complementares pode proporcionar e transcender os limites do espaço e tempo.
Sem pressa, sem algum objetivo a alcançar, fazendo que o o orgasmo se torne duradouro por horas de "pequena morte" , onde se perde a noção de identidade e corpo, nada importa, perdidos no espaço e libertos da mente.
Tudo em uma dança única de plenitude e êxtase. 

                                                         Juliana Alves T. (Asha)



Unicidade

As mudanças estão acontecendo em uma velocidade quase que imperceptível, vivemos na era de equilibrar o masculino e feminino dentro de cada um.
As mulheres agora resgatando seu feminino abandonado, tem se saindo muito bem, pois o feminino é conhecido, é a essência de uma mulher e o lado masculino foi aprendido com total sucesso, diga se de passagem.
Para o homem está mais complicado, como ser sensível sem deixar de ser masculino?
Como estar do lado de uma mulher que não precise dele?
Como ser masculino sem ser machista?
É, os tempo mudaram e temos que aceitar!
A mulher de hoje, quer um homem seguro ao seu lado, um homem que entenda que ela é independente e quer estar com ele, pelo que ele é, e não pelo que ele pode proporcionar.
Ela quer ser livre de corpo e alma, mas seu coração é dele, por opção, não há nada que segure um casal hoje e uma mulher empoderada.
Ele precisa confiar, ele precisa vê la como a Deusa da criação, ele precisa entender que entre tantas flores ela o escolheu para ele cuidar.
Olha la como sua rainha que tem seu próprio reino e com ele partilhar a existência.


Asha


A Bruxa

Bruxas são todas as nossas ancestrais, mulheres que carregam a magia da vida e eram valorizadas por isso, mulheres que conheciam as leias da natureza, os ciclos da lua, as ervas e os elementos. 
Esses conhecimentos mais uma sensibilidade aguçada, faz de qualquer mulher uma Bruxa e todas carregamos esse dom nas veias.
Essa consciência está em menor escala nesse momento da "mulher moderna", mas bem dentro do coração onde a intuição habita, sabemos que sabemos muito mais sobre os mistérios e a magia da vida e isso faz de nós uma Bruxa, diferente da "estória" mal contada pela religião, não somos más, somos o que somos. 

Simplesmente Mulheres com todas as faces, qual delas você quer despertar!?


Juliana Alves T. (Asha)










Poder proibido

Disseram que era sujo, pequeno e algo inferior 
Disseram que era feio, do mal e pecado 
Me torturaram e me queimaram 

Reduziram me a reprodução e escravidão
Fizeram me sentir impotente e dependente
Quando "despertei", parei de negar meu corpo

Minha yoni e o meu desejo de prazer
Despertei e descobri que era tudo inverissímil

Fazia parte de um plano para me dominar
Sei que meu corpo é meu aliado e fonte de prazer e poder
Poder sobre mim, sobre meus atos e desejos
Meu corpo, meu templo sagrado de êxtase e festa
Convido quem quero e fica quem deixo 

Tenho total controle e sabedoria aos seus sinais
Eu em mim, me satisfaço e partilho com e quem quero 

E assim resgatei o meu poder. 
          
                                                    Juliana Alves T. (Asha)







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sacerdotisa



Ela, em corpo de fêmea, com todas as emoções e desejos, com seu perfeito cabelo solto, sentindo o gosto da liberdade, porém presa as correntes do passado, aos grilhões de dores causadas e sofridas, com mania de preservação e obstinada em nunca deixar alguém se aproximar.
Algo pulsava e puxava, mostrando que existia mais a ser vivido, a ser experimentado e para isso, precisa se livrar de todos os medos, bloqueios e padrões auto impostos em memórias anteriores.
Partiu em uma jornada, por afinidade talvez e guiada pelo inconsciente, mal sabia que seria uma morte, dessas simbólicas mas não menos dolorida. 

Depois de muito tempo resistindo, tentando assimilar e não entendendo porque seu processo não acontecia, “ele” se fez avassaladoramente.
Em caos, onde não havia mais força para resistir, fisicamente e psicologicamente, vazia, com dores no corpo e na alma, não restava nada além da entrega , a mais bela sublime entrega que pude ver.
Naquele momento ela aceita qualquer coisa que a tire daquele desespero de perder o controle, de não poder mais segurar o que havia dentro dela.

Em um momento de lucidez foi guiada para se deitar manifestando sua entrega total, nua como a própria Deusa, mergulhada em flores e ervas aromas de cura e sobro de luz. 

Curandeiras se aproximavam com suas mãos em suaves massagens, gestos inspirados pelo infinito e pela sabedoria ancestral.

- Entrega filha, entrega o que já não faz mais parte de ti e nem de mim, deixe cair lágrimas de fogo, purificando toda a sua existência e grita para se libertar, grita pra voltar a viver!


Em um urro de fêmea loba e gemidos de dor e êxtase, eis que renasce, uma Sacerdotisa! 
                                                                                    
 Juliana Alves T. (Asha)