quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Bem vinda Primavera



Depois de uma jornada profunda na escuridão, em caminhos incertos, sozinha, abandonada, a mercê dos caprichos do mundo avernal. Em um mergulho na noite escura da alma, sentimentos pouco virtuosos e atitudes insanas, onde já não se reconhece a própria face, analogicamente sentindo se nas profundezas da terra.
A semente antes de brotar precisa ficar em baixo da terra, onde todo seu potencial precisa gestar, a escuridão é o útero da grande Mãe quando pensamos estar sozinha, ali ela nutre tudo que pode vir a ser.
Os últimos instantes são os mais dolorosos e tensos, a ansiedade de sair da terra, de quebrar a casca, a falta de conhecimento do que existe depois faz pensar que tudo acabou, porém antes de renascer é preciso morrer e deixar tudo para trás.
A água como uma benção cai do céu Pai, alimentando a semente e saciando a sede de brotar, nós choramos, choramos muito e deixamos ela purificar e lavar, assim aguardando no ventre de um potencial infinito de vir a ser o que já somos.
Quando a entrega vem, é como um presente de todo o universo, ela se rompe, pois já não cabíamos mais naquela casca. Subimos até os primeiros raios de sol tocar nossa pele pétala suave nova casa.
Uma explosão de flores e cores espirais nos faz ver e perceber a grandiosidade desse novo ciclo, tudo aqui tem sabores de frutas e cheiro de flores, tem amor em cada respiração, do voar das abelhas ao carinho dos animais. Aqui, sobre a Terra, o ar mais puro e fluido, o calor do sol a tocar a pele e a água jorra de uma linda fonte branca.

- Dança, dança filha da Terra e do Céu, dança sua alegria, dança para luz, dança a dança de fazer amor com o infinito pleno êxtase do retorno.
Bem vinda Perséfone, está em casa, nos braços da grande Mãe e obrigado por nos trazer a Primavera".

Juliana Alves T.(Asha) 




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