domingo, 29 de maio de 2016

Solitude


Perséfone não demora para se adaptar, quase um mês no submundo e ela quase se reconhece como um ser da total escuridão.
Ama a luz, mas a escuridão preenche sua alma, é parte dela, uma velha amiga a qual sempre faz uma visita.
Dessa vez nem Hades para seu divertido prazer está presente, sem prazer, sem sofrimento, apenas o vazio e a solitude.
Solitude, a capacidade de ficar e bem consigo mesma, ela não consegue isso com os raios do sol, apenas na escuridão.
Dias sem cor, frutas sem sabor, água fria, umidade e frio, muito frio, adentrar nas profundezas da Terra, tem dessas coisas, dessa sensação de desamparo. 
Ela não mais teme e nem luta, aceita, aprendeu com o tempo e com tantas idas e vindas, desde as sementes de romã que por escolha comeu que retorna e deixa se morrer uma vez mais.
Nessa profundidade, sabe sobre seus amigos, seus inimigos e seus amores, tudo fica claro, como uma vela, uma chama apenas, a iluminar tudo.
Na clareza, a seleção do que vai e o que fica, quem morre e quem ganha vida ... Situações, pessoas, sonhos e principalmente a visão que tem de si mesma. 
Melancólica e indiferente ela busca dentro de si, sentido e esperança, para subir novamente aquelas escadas e se deleitar com toda vida da primavera, mas apenas quando chegar o momento.

Asha
maio de 2016






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