sábado, 16 de julho de 2016

Hades visita Perséfone


Quando ele chegou o colorido de suas roupas agrediam meus olhos, tudo nele era grotesco, seu vocabulário, sua aparência, sua barba por fazer, sua unhas grandes ...
Em minha delicadeza não pude deixar de notar a falta de sutileza em tudo, mas era Hades, não poderia esperara menos do que isso.
Ele visitou me, mas estava diferente, não tinha aquele jeito sedutor de sempre, ao contrário, estava sensível, machucado eu diria, queria colo, mas não queria toque.
Nesse ano cada um cuidou da sua parte no reino, aqui em baixo, muito trabalho, breves encontros, apenas para manter o mito vivo dentro de nós.
Como sempre ele queria algo, dessa vez sem romance, mas com muito jogo, querendo saber tudo que acontece sobre a Terra, os planos dos Deuses de cima.
Na inocência e no conforto da presença me abro sem receios, somos velhos conhecidos, afinal.
Ele propõe alguns trabalhos, mas o caminho que ele tem seguido, já fui e vim tantas vezes e agora não me interessa.

"Uma escolha precisa ser feita, Perséfone, não é mulher de dividir, nem que seja a lealdade."

Ele escolhe, fica meio confuso, não com a escolha, mas como mantenho me irredutível.
Todas as cartas na mesa, com tudo desfeito, limito e protejo minha coroa, e espero.
O êxtase toma conta, a força e o empoderamento presente, calmamente conduzo tudo em harmônia, mas o tempo dele aqui acabou.
Olhando para céu, sentada no chão, respiro ... Soltando o ar sobre as nuvens, chamo a força dos ventos de que sou feita, uma tempestade se arma, ele pede para ir embora. Respeito suas escolhas e seu caminho, abençoou ...
Ele pede desculpas e segue, volto para meu altar e agradeço.


Asha


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