quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Imersão de amor


Iniciamos sob luz da lareira, porém quem dominou a noite foram as águas, em mil lágrimas de cansaço e exaustão, de um mundo que nos obriga a ser quem não somos, de familiares mais traumatizantes do que condutores de amor e cuidado.

Clima pesado, ar irrespirável, inquietude e angustia se faziam presentes, o fogo tudo a transmutar, a sálvia branca trazendo leveza e um linda benção, parando a mente e apaziguando corações.

Pela manhã um processo forte e definitivo, a libertação dos padrões de nascimento e a cura da menina, mais lágrimas, mais informações e aqueles olhares completamente dentro de si mesmas, tudo sob a guarda de grandiosos anjos.

Liberdade, a palavra que define esse momento, onde descobrimos que certos pesos não precisamos carregar, ao perceber que não é necessário corresponder as expectativas de ninguém, se não as próprias.

Para celebrar uma dança sensual, fazendo a menina se tornar mulher, sentir seu corpo, vibrar com todas as células, se desejar, se amar e se empoderar.

Depois de desperta essa mulher, precisa ser curada, em volta da fogueira, no escuro da noite e um céu de estrelas, a Deusa do vento, colocou sua fumaça a limpar tudo, uma a uma, aproveitando deixamos o fogo levar aquelas informações desnecessárias.

A noite seguiu, algumas dores, alguns medos e logo fomos adentrando uma outra dimensão, a da magia, quando mulheres se reúnem em volta do fogo. Chegando os animais de cura, chegando os seres encantados da florestas, as anciãs, e a proteção em forma dos guerreiros do portal.

Ali onde as horas pararam, uivamos como lobas selvagens que somos, dançamos vestidas apenas de estrelas, cantamos, rodamos, sentimos a Mãe Terra em nossos pés, nos dando todo apoio que precisamos para seguir nosso caminho.

Uma noite de descanso merecido e um acordar diferente, sorrisos estampados no rosto, olhares elevados, corpos leves, ainda faltava algo, a última entrega.

A Deusa das águas abriu seu ventre de amor e nos recebeu, nos deixou tocar e abençoar com sua água pura, banhando nossa alma, ativando nossa iniciação ancestral, de ser a dona do própria vida, com um caminho de flores aos pés, com irmãs apoiando e aplaudindo nossas conquistas.

A emoção tomou conta mais uma vez, de felicidade, de alegria, de amor e carinho, muitos abraços, lindas palavras e infinita gratidão.

"Somos uma, somos todas, somos o todo! Somos a cura, o amor, a liberdade"!


Asha
dezembro de 2015



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