domingo, 22 de outubro de 2017

Eva x Lilith

 Vivemos sempre a influência de mitos, e como mulheres ocidentais em sua maioria de formação cristã*, habita dentro do nós o mito de Eva e o arquétipo da mulher boazinha, obediente ao homem e exemplo na sociedade.
Porém a estória esconde um outro arquétipo: O da Lilith, segundo escrituras, a primeira mulher a habitar o Jardim do Éden, diferente de Eva, Lilith não se importa com as máscaras de sociedade alguma, é a mulher selvagem em essência, independente e empoderada.

 Eva seria nossa luz, a face que mostramos, a mulher educada para fechar as pernas, para não usar saia na presença de meninos, para brincar com meninas, para casar virgem, ter filhos, marido e seguir as "regras". De uma maneira mais intrínseca temente à deus, pecadora, culpada por sentir prazer, por ignorar seus sentimentos, desejos e negar seu corpo.
Claro, são memórias inconscientes e ancestrais, registros do que nossas antecessoras passaram, nos influenciando nos dias atuais.
Lilith a sombra, a face negada, a que sobe em árvores como menino, a que adora olhar pra lua desde criança e tem um ímpeto de dançar, a que gosta do sangue menstrual, mesmo ensinada que tinha que escondê-lo.
A que prefere a companhia da natureza e dos animais, a que sente liberdade com o vento em seus cabelos quando corre ou balança.
A desajustada, a diferente, a que não se encaixa e ou não se comporta.
A mulher livre, a dona de si, a que quer e vai ser diferente de sua mãe, a que quer um filho independente, a que aprendeu a se amar e a dar a si o que precisa.

 Conseguiu encontrá-las dentro de ti?! 
O desafio agora é integrá-las, colocar frente a frente essas duas energias/mulheres e dar um longo e poderosa abraço.
Entender que ambas nos compõe e que precisamos das duas, pois Eva demais nos faz ficar submissa, insegura e perdida e Lilith demais, nossa! Não queira despertar, é avassaladora! Precisa vir para impor limites, para nos levantar quando caímos, para nos lembrar quem somos, porém com consciência e na lua cheia, que é o reino dela.
Dar passagem a essas energias conscientemente, saber o momento de cada uma e integrá-las dentro de nós, faz com que sejamos inteiras.

 Essa totalidade é alcançada quando mergulhamos em ambas, quando tentamos nos enquadrar e falhamos, nossa alma pede a liberdade.
Normalmente vamos de um extremo ao outro ou passamos uma vida toda segurando a mulher selvagem dentro de nós, domesticando-a. 
Nocivo também quando vivemos uma vida à parte seja em nossa mente ou na realidade, onde soltamos essa selvagem para ser o que é, e depois caímos em culpa.
Elas precisam ser reconhecidas e aceitas, liberadas e integradas.
Esse equilíbrio vem com a maturidade, quando já não precisamos mais ser para fora e sim para dentro. Então, abraçamos e acolhemos tudo o que somos e nos tornamos una.

*Cristianismo: Religião predominante no Ocidente

Asha (Juliana Alves T.)
Outubro de 2017








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